Garantidamente que vou intervir, sem problema algum

Pedro Castanheira, ex-dirigente do Santa Clara, faz duras acusações à actual direcção do clube. Com uma Assembleia Geral agendada para hoje, Castanheira diz que a mesma é ilegal, que vai comparecer e provavelmente vai pedir a impugnação. Hoje há uma Assembleia Geral do Santa Clara, vai estar presente? Ainda é sócio? Sou sócio, com as quotas em dia e vou estar, garantidamente, na Assembleia Geral. Já criticou a data da Assembleia Geral, alegando que há uma incorrecção, com base nos Estatutos do clube. É evidente que será uma assembleia, se houver. Penso que devia haver bom senso do presidente da Mesa da Assembleia, em anulá-la, porque está repleta de ilegalidades. Ao abrigo da convocatória em que foi feita, primeiro começa pela data, no dia 9 de Julho é publicada no jornal, 15 dias depois tinha de acontecer, que é o dia 24 de Julho, mas é marcada para 22 de Julho. Ou seja, os Estatutos dizem que a Assembleia Geral tem de acontecer 15 dias depois da marcação pública. Exactamente. À parte a marcação dessa assembleia, dessa possível assembleia, em que vou lá estar – se houver - também existe um conjunto de irregularidades: vão ser aprovadas as contas de 2007/2008, vai ser aprovado um plano de 2009/2010. As contas de 2008/2009 não estão feitas. Logo aqui existe um conjunto de irregularidades. Vai intervir na Assembleia Geral de hoje? Garantidamente que vou intervir, sem problema algum. Vai impugnar a Assembleia Geral? Naturalmente. Isto está cheio de irregularidades. Se os dirigentes do Santa Clara não vierem falar comigo, vou impugnar a AG. Não vou fazer a eles aquilo que fizeram a mim. Ando há cerca de dois meses a pedir os recibos dos meus salários, e só estou a pedir de 1999 a 2004. Tem consigo o Relatório e Contas de 2007/2008 e o Plano de Actividades e Orçamento 2009/2010. Portanto, já estão disponíveis para os sócios? Estão disponíveis, mas penso que não é para todas as bolsas, porque para me entregarem o Plano de Actividades e o Relatório e Contas, tive que pagar 10 euros, coisa inédita. Na altura em que era dirigente isto não acontecia? Não. Era facultado, oferecido e 15 dias antes, tinha que estar tudo pronto para os sócios poderem ir à sede, levantar, ler, tomar atenção em tudo o que estava escrito, para depois, quando chegassem à assembleia, debateram os pontos. Não era em cima da hora, como foi, entregaram-me ontem (segunda-feira), às 17h55. Tive que pagar 10 euros para me darem acesso a esses documentos e só deu para dar uma vista de olhos. Amanhã (hoje) penso que, já vou ter tempo de facto para ver melhor. Não tem receio de ser acusado de estar ligado a uma direcção que deixou o Santa Clara numa situação difícil? Não tenho receio e não estou aqui para defender os outros antigos directores. Não os vou defender, nem vou dar a estes novos a bandeira de acusar os antigos. Portanto, estes novos que lá estão sabem muito bem aquilo que fizeram no passado. Quando íamos para as assembleias, eles próprios colocavam em causa a credibilidade do Santa Clara, e o Santa Clara foi vítima daquilo tudo que eles diziam nos jornais, nas rádios, na televisão... O que diziam? Por exemplo, o actual presidente-adjunto passava a vida na sede do Santa Clara a criticar aquilo que a direcção, da altura, fazia. Neste momento, os que lá estão não têm moral e estou a falar de alguns dirigentes. Em concreto, a quem se está a referir? Neste caso concreto ao senhor Mário Batista e ao próprio presidente do Santa Clara. Não acha que eles estão a fazer um trabalho de recuperação financeira importante no clube? Não sei sinceramente. Quando se põe em causa, como tenho aqui, um contrato que se faz com um jogador, que no passado foi campeão nacional pelo Santa Clara... Está a falar do guarda-redes Fernando? Sim, do Fernando. Quando olho para um contrato que é feito, em que está em causa um valor de 62 mil euros, dividido em várias prestações e que não é cumprido. Mas mais grave ainda é quando se manda para o chão 62 mil euros – que é a palavra certa. No está em causa a qualidade do jogador, mas uma questão de capricho dos dirigentes. Portanto, a transparência que a actual direcção tanto apregoa, que quer fazer tudo correcto e tudo direito... como é que se mandam 62 mil euros para fora, quando existem lacunas naquela secretaria? || “Não existem 300 mil euros, este assunto vai ser revelado” Em declarações ao Açoriano Oriental, o presidente do Santa Clara, Manuel Cruz Marques, diz que o Tribunal de Ponta Delgada o condenou a três anos, por crime de abuso de confiança agravado e ao pagamento de 300 mil euros, com um ano de pena suspensa. Este pagamento não foi efectuado no prazo estipulado. Não queira muito debruçar-me sobre este assunto, na altura própria irei fazê-lo. Quando o Santa Clara está preocupado com possíveis 300 mil euros – que não é verdade – mais uma vez tenho que os chamar incompetentes. Este assunto vai ser revelado, mas agora não. Isto vai ser a ponta do iceberg. Quando leu as declarações do presidente, como se sentiu? Sinto-me triste porque estas pessoas estão à procura do bode expiatório. Não existe nada de 300 mil euros. Aquilo que existiu no julgamento – estava em Angola, não me deixaram vir – foi ter sido condenado ao pagamento de 150 mil euros. Já falou com o presidente? Falei com ele quando vim de Angola e uma das coisas que ele disse foi que estava com problemas em fechar as conta de 2007/08, e hoje compreendo porquê. Porquê? Porque, talvez houvesse rubricas que tinham que entrar nas despesas confidenciais, e não entraram porque tinha de se pagar algum imposto. Esta direcção herdou uma situação financeiramente desequilibrada. Estará a recuperar? Penso que não. O Santa Clara quando entrou nesta “aventura” de chegar ao mais alto, foi a pouco e pouco. No primeiro ano da Liga Honra o clube recebeu 550 mil euros, hoje em dia são 2 milhões e qualquer coisa, para além das receitas de publicidade, da Olivedesportos. O contrato que está em vigor com a SportTV foi assinado por si? Foi no último ano em que estivemos na 1ª divisão. Existia um antigo e depois foi renovado, quase pelo dobro, devido ao bom entendimento que tinha e tenho com Joaquim de Oliveira. Contrato este que me foi pedido para não divulgar na reunião de direcção. Mas não quero dar muitos trunfos a esta direcção, para não acusarem os outros... Esta é que tem que resolver os problemas e não se basear nos problemas dos outros. ||

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AO