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domingo, 13 de junho de 2010

Eusébio: "O Mundial de todos os africanos"


É na Copa do Mundo da FIFA que nascem as lendas. E foi no Mundial de 1966 que Eusébio ganhou o estatuto de imortal no futebol, que mostrou ao planeta quem era o Pantera Negra que já tinha conquistado uma Taça dos Campeões Europeus da UEFA com o Benfica. Com nove golos sagrou-se goleador máximo da prova e ajudou Portugal a chegar a um inédito terceiro lugar em Inglaterra, um resultado que se mantém, até hoje, como o melhor da nação lusitana em mundiais.

Mas o nome de Eusébio não deu alegrias apenas aos portugueses. Bem melhor contrário. Afinal, o pantera negra nasceu em Moçambique e o menino de Maputo encheu de orgulho o país africano, à altura uma colónia de Portugal. Já lá vão 44 anos, mas o Pantera Negra continua a ser um estrela. Em África, na Europa, no Mundo. E no ano que ficará para a história com a realização do primeiro Mundial no continente africano, a FIFA falou com o King sobre o que representa ter a oportunidade de ver o Mundial ser jogado tão perto de casa.

“É um grande orgulho viver este momento histórico, principalmente porque nasci aqui bem perto, em Moçambique. Julgo que todos os africanos - todos os vivem por esse Mundo fora - se sentem privilegiados por verem o Mundial a ser jogado em África”, afirma Eusébio, satisfeito por poder acompanhar, na África do Sul, a campanha de Portugal, selecção da qual é embaixador. As memórias são muitas. “É óptimo tão perto do meu país. Afinal, de Joanesburgo a Maputo é uma curtíssima viagem de avião. Já conhecia a África do Sul mesmo antes de ir jogar para Portugal, porque costumava vir aqui com o meu irmão quando ainda era criança. Isso faz com que o meu orgulho seja ainda maior. É o momento para África brilhar ao mais alto nível e estou muito agradecido à FIFA por ter escolhido a África do Sul como organizador”.

Eusébio adivinha que, no dia 11 de Julho, todos vão dizer que o “melhor Campeonato do Mundo de todos os tempos foi organizado em África” e espera que a festa se solte como um enorme aplauso para a mãe de todos os continentes. “Acredito que vai ser um Mundial cheio de fair-play e que os adeptos vão poder seguir as respectivas selecções sem quaisquer problemas, aproveitando o que de melhor África tem para oferecer. E tenho a certeza que o Mundo inteiro vai aplaudir o novo campeão, o novo vice-campeão e toda a estrutura que foi montada para receber e tornar possíveis 64 jogos de grande qualidade”.

A eliminar tudo é possível
O Pantera Negra vai, como é óbvio, acompanhar com especial atenção e emoção a campanha de Portugal, que começa terça-feira frente à Costa do Marfim. “Espero que a equipa consiga uma excelente participação, sabendo que, para que isso seja uma realidade, é preciso uma boa prestação no primeiro jogo. Se conseguirmos a vitória, abrem-se as portas dos oitavos-de-final e, nos jogos a eliminar, tudo é possível para a selecção nacional. Mostrámos isso no Euro2004 e no Mundial de 2006”.

E para que Portugal possa repetir, pelo menos, a prestação da Alemanha, em que chegou ao quarto lugar, Eusébio confia no trabalho do seleccionador português: “É uma pessoa que conheço há muitos, muitos anos. Como treinador teve o mérito de ser o grande responsável que conduziu as nossas gerações mais jovens aos títulos mundiais da FIFA de Sub-20, em 1989 e 1991. Foi a rampa de lançamento que permitiu, mais tarde, que Portugal tivesse grandes selecções seniores”.

"Infelizmente, a geração de Ouro não conseguiu ganhar a final do Euro2004, quando Luiz Felipe Scolari era o seleccionador, mas, voltando à questão, Carlos Queiroz é um treinador que sabe perfeitamente qual é o seu papel. Sobretudo, é uma pessoa que admiro muito e, claro, convém não esquecer, que é meu compatriota, porque também nasceu em Moçambique”, acrescenta aqueles que muitos consideram o melhor jogador português de todos os tempos.

Nigéria pode conseguir um feito
Um dos grandes atractivos para este mundial é saber até onde podem ir as selecções africanas presentes na fase final. Eusébio reconhece que é improvável o título mundial ficar no continente, mas, afinal, é de futebol que estamos a falar: “É uma pergunta muito, muito difícil, mas vou responder porque sou um homem do futebol, estive sempre ligado ao futebol. Julgo que será muito complicado a uma selecção Africana chegar ao título mundial. Existem grandes selecções em busca do título e julgo que a Espanha é a grande favorita, seguida do Brasil e, depois, da Holanda, Argentina e Inglaterra”.

“Julgo que, entre as selecções africanas, a que tem melhores possibilidades é a Nigéria. Tem uma excelente equipa. Aliás, sempre teve excelentes equipas, mas, durante muito tempo, cada jogador jogava apenas para si e se não fosse isso até poderia ter sido campeã do Mundo em 1994. Se conseguirem mudar essa característica e fizeram o que o treinador pedir podem chegar longe”, destaca o Pantera Negra.

Eusébio não esquece que, por jogar em casa, a África do Sul conta com o “apoio de muitos milhões de adeptos” e, por isso, conclui: “Nunca se sabe o que pode acontecer, o torneio acabou de começar: é o momento de todas as equipas manterem os pés bem assentes no chão e sonharem. Isto é futebol e, no futebol, as surpresas nunca deixam de acontecer”.
fonte/fifa

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