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quinta-feira, 10 de junho de 2010

O lado “kitsch” do apoio à seleção portuguesa


Cuecas, óculos de sol, os inevitáveis porta-chaves, corta-unhas e t-shirts não oficiais com a Hello Kitty e uma curiosa adaptação da bandeira portuguesa. Este é o lado mais “kitsch” no apoio à seleção portuguesa no Mundial de futebol.

Grandes cadeias de comércio e a própria Federação Portuguesa de Futebol vendem produtos referentes à equipa das quinas, mas é nas ruas de Lisboa que se concentram as maiores “pérolas” de “comércio alternativo”, sobre o mundial da África do Sul.

No Centro Comercial Mouraria, no Martim Moniz, conhecido pela multiculturalidade dos seus lojistas e clientes, o leque de produtos é variado: os porta-chaves continuam a ser o “maior sucesso”, conta uma vendedora de ascendência chinesa, mas o que mais impressiona é uma t-shirt da icónica Hello Kitty com a inscrição “Força Portugal” e a bandeira nacional…com as cores invertidas.

Um outro comerciante, de nacionalidade indiana, diz à reportagem da agência Lusa que “este ano a coisa não está muito boa”. Em 2004, por exemplo, a febre das bandeiras nas janelas, incutida pelo anterior selecionador Scolari, potenciou o comércio de produtos da equipa de futebol e agora o cenário “não é o mesmo, não se vende quase nada”.

Teresa, 51 anos, encontra-se no centro comercial à procura de uma bandeira. Encontrou-a. Não se mostra muito confiante para o Mundial, todavia: “Com o Scolari era melhor. Este treinador preocupa-se mais com o bronzeado e os fatos e gravatas”, diz-nos, entre risos. “Há pouca empatia com o público.”

Avançamos para outro estabelecimento, já fora do centro Mouraria e numa loja a caminho da Baixa Pombalina, e um diferente objeto desperta curiosidade: um corta-unhas com a bandeira de Portugal. A lojista reconhece que alguns produtos são vendidos todo o ano, mas a realização do Mundial de futebol gerou um “pequeno aumento” nas vendas.

A típica vuvuzela, que tem invadido as ruas portuguesas, é o maior sucesso comercial, na sua versão oficial ou nas suas adaptações mais duvidosas, mas não só do instrumento sul-africano vive o imaginário português.

A cadeia Primark, por exemplo, com uma loja no Centro Comercial Dolce Vita Tejo, tem vestuário para todas as ocasiões: lingerie feminina – inclusive cuecas com o número 7 de Cristiano Ronaldo estampado - óculos de sol, e uma t-shirt com os horários dos jogos de Portugal, para os mais incautos ou distraídos, são destaques maiores da secção dedicada à equipa portuguesa.

A cadeia de lojas LIDL, por seu turno, comercializa um Kit Mundial especialmente dedicado a quem acompanhar os jogos pela televisão: Azeitonas, cerveja, amendoins, batatas fritas e guardanapos – para além de um mini trompete para celebrar os golos – compõem o pacote.

Em cuecas ou com o equipamento completo, não faltarão materiais de apoio aos “navegadores” lusos. Aqui, como na África do Sul, o desejo é só um, concretizado nas palavras dos comerciantes: “Era bom se Portugal chegasse ao final. Se vierem embora na primeira fase isto ainda vai dar mas é prejuízo…”

Lusa/AO Online

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