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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Raul Meireles carimba passaporte português ao pontapé


Vamos para a África do Sul. Assim mesmo, nós, utilizando o termo espalhado por Carlos Queiroz ao longo dos tempos. Mérito para o professor, que acreditou quando mais ninguém acreditava, sobretudo na sua capacidade para sair de um buraco cavado a meio da qualificação. Com uma excelente demonstração de carácter na Bósnia, Portugal garantiu a presença na fase final do Mundial de 2010. Golo de Raul Meireles, o homem do jogo (0-1)!
Carlos Queiroz enfrentou o duelo final sem a magia de Deco. O médio luso-brasileiro do Chelsea sucumbiu com problemas físicos e cedeu o seu lugar a Tiago. No mais, nada de novo, a aposta no onze que vencera a Bósnia no Estádio da Luz. Um 4x3x3 à portuguesa, com três homens a suster o avanço dos defesas contrários.
Blazevic, o homem das duas faces, o treinador com discurso diferenciado para jornalistas bósnios e portugueses, não fez «bluff». O mágico bósnio, Misimovic, estava mesmo lesionado. Com mais três castigados, a selecção dos Balcão apresentou um onze bastante diferente, onde despontava o talento precoce de Pjanic (Ol. Lyon).
Tapete assustou mais que adeptos
O relvado assustou os responsáveis portugueses. O ambiente, fervilhante em teoria, causou menos impacto que o tapete irregular. Os adeptos bósnios assobiaram o hino luso, anunciando que tudo valeria para tentar perturbar o adversário, mas não foram muito além disso. Pelo menos, enquanto subsistiu o 0-0.
O problema estava mesmo à flor da relva. Por ali, não dava para jogar. A Bósnia, numa péssima propaganda ao futebol, optou pelo jogo directo desde o apito final. Bola vinha, bola ia, sem critério, direcção ou ponta de criatividade. Pjanic era uma espécie de oásis no deserto de ideias local.
Portugal teve carácter. Aguentou os primeiros focos de pressão e subiu no terreno. Com classe, segurança, perigo até. Numa jogada belíssima, Raul Meireles aproveitou uma tabela para abrir um corredor em direcção à baliza contrária. Decorria o 28º minuto de jogo e a África do Sul estava a um remate certeiro de distância. O médio atirou em esforço, Hasagic defendeu! Os corações lusos continuariam a bater com intensidade.
A Bósnia atacava muito e mal. Eduardo pouco ou nada fazia, vendo a bola a voar nas imediações da sua grande área, sem perigo. Nos minutos finais da primeira parte, ameaças mais sérias, mas inconsequentes. Blazevic tinha de mudar algo e deixou o estreante Medunjanin no balneário, ao intervalo.
Meireles marca à segunda
A selecção local reapareceu com três homens de área, juntando Muslimovic a Dzeko e Ibisevic. Este último recuou ligeiramente, sem esquecer as suas origens. Portugal demorou a recuperar a postura, mas esteve novamente perto do golo. Num lance genial de Nani, o extremo ficou em boa posição, atirando para defesa de Hasagic com os pés.
Pjanic, sempre ele, fez a bola passar a centímetros da baliza portuguesa, mas a noite era nossa. Orgulhosamente portuguesa. Nani ataca a par de Liedson, vê um adversário a tentar o desarme e coloca o pé em cima da bola. Aquele magricela, com um talento inesgotável, controlou o destino e serviu Raul Meireles. O domínio, o olhar e o remate. Seco, lento. Como a ocasião exigia. Só para agudizar a dor do adversário.
Ao minuto 58, abria-se a fronteira da África do Sul para a comitiva lusa. Portugal originava estragos do meio-campo para a frente. Duda e Paulo Ferreira também jogavam acima do esperado, Pepe e os centrais limpavam tudo. Que bela exibição! E Meireles, esse, ultrapassa todos os elogios concebíveis. Enorme!
A Bósnia voltou ao mesmo, muito músculo e pouca arte. Assustou, mas provou que não merece estar no Mundial. Pelo menos, pelo que demonstrou esta noite. Ao contrário de Portugal.

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