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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Mário Batista vai sozinho a votos nos encarnados de Ponta Delgada : “No Santa Clara acabou o tempo da demagogia fácil e da irresponsabilidade”

O economista Mário Batista, de 54 anos de idade, é um nome incontornável na vida do Santa Clara, que encabeça a única lista concorrente à eleição da próxima sexta-feira para os novos corpos sociais do CDSC.
Nasceu e cresceu para o desporto na freguesia do clube do seu coração, foi jogador de futebol, de hóquei e de basquetebol, bem como dirigente e treinador do clube. Em 2006, passa para os gabinetes, desempenhando as funções de Presidente Adjunto, a quem foi entregue o pelouro da reestruturação e gestão do futebol profissional do Santa Clara, quase a tempo inteiro.
Batista, tem uma brilhante folha de serviços prestados à colectividade da cidade de Ponta Delgada e continua com uma fé inabalável de levar o clube a bom porto.
Rodeado de uma equipa de personalidades que dispensam qualquer apresentação, na defesa do lema: “Continuar no bom caminho”, Mário Batista apesar da conjuntura desfavorável que actualmente se vive, mas com coragem e determinação, que lhe é peculiar, pode já no próximo fim-de-semana sentar-se na cadeira magna dos encarnados de Ponta Delgada. 


Desde quando e que funções tem desempenhado no Santa Clara?
Nasci em Santa Clara e desde criança que me identifico com o CDSC. Joguei futebol no CDSC desde os juniores, com uma passagem no escalão sénior, cujo técnico era o mister Henrique Ben David. Fui também, e durante muitos anos, atleta nas modalidades de hóquei em patins e basquetebol, onde fui dirigente e treinador.
Mais recentemente, em 6 de Novembro de 2006, incluído numa equipa que se propunha reorganizar e sanear financeiramente o CDSC, passei a integrar a Direcção do CDSC. Desde a época 2008/09, como Presidente adjunto a quem foi entregue o pelouro do futebol, e assumindo o difícil desafio de reestruturar o futebol profissional do CDSC, a gestão do futebol do Santa Clara tem ocupado quase por inteiro as minhas funções de dirigente. 

O que o leva a assumir esta candidatura?
Basicamente o respeito pelo trabalho até aqui desempenhado e desenvolvido por um grupo de pessoas que de forma altruísta têm retirado muito do seu tempo e algum do seu dinheiro para conseguir “o milagre” que se tem operado nos últimos anos, e também, a consciência que só “Continuando no bom caminho” o CDSC sai da difícil situação em que ainda se encontra, embora, felizmente, já se vislumbre a luz ao fundo do túnel. 

Não havendo qualquer obstáculo à sua candidatura e sendo eleito presidente do CDSC, há alguma medida prioritária a tomar logo após tomar posse?
Vamos dividir esta questão em duas. O aparecimento de outra lista não é de forma nenhuma um obstáculo. Seria até desejável, sobretudo tendo em conta a enorme onda de apoio que a minha candidatura recolheu, nomeadamente junto de um alargado número de sócios que são referências para o CDSC. Aliás estou convencido que foi este apoio, e não outras razões que à laia de desculpa foram referidas (noutras circunstâncias bem mais graves, nunca foram preocupações com “o equilíbrio vigente no clube” aquilo que impediu apresentar listas), foi este alargado apoio e não outras razões, estou convencido, tal como dizia, o que está na origem de só haver uma lista. Não vale a pena ignorar que o conjunto de responsabilidades existentes, tal como as difíceis condições da conjuntura actual, devem ter também contribuído para tal.
Quanto ao pós tomada de posse, a grande prioridade continua a ser o saneamento das contas do clube, e contribuindo para tal, manter e reforçar uma gestão competente e cientificamente sustentada do futebol profissional do Santa Clara, que é como facilmente se depreende o “core business” do clube. 
Resumindo: a prioridade é “Continuar no bom caminho”. 

Que objectivos tens para o Santa Clara em termos desportivos e não só?
O Modelo desportivo que defendemos contempla quatro segmentos.
1 - Alta Competição: Modalidades profissionais, com uma estrutura financeira autónoma (SAD), capazes de alavancar o seu desenvolvimento a partir de uma aposta estruturada na formação, e com capacidade para angariação de recursos financeiros, quer ao nível do merchandising, quer a nível de parcerias, atraindo e fidelizando adeptos.
2 – Desporto Amador: Modalidades com grande potencial de desenvolvimento, enraizadas na cultura açoriana e na do clube, de preferência inseridas no currículo escolar obrigatório, e dinamizadas pela espectacularidade, beleza, capacidade para atrair públicos, e desempenhando um papel decisivo na função social do Santa Clara.
3 – Clube Ecléctico: Espaço natural para um Santa Clara no qual milhares de sócios e adeptos se referenciam. Neste âmbito, grupos de sócios podem associar-se em torno da mesma modalidade, desenvolvendo e promovendo a sua prática dentro do clube. Este segmento não tem qualquer tipo de limites estabelecidos, devendo estas modalidades ser completamente autónomas do ponto de vista organizativo e financeiro, com regras claras em relação à utilização da marca, devendo ser disponibilizado pelo Santa Clara o necessário apoio logístico. 
4 – Gerar e Potenciar Receitas: Actividades de desenvolvimento desportivo, ligadas a conceitos de Bem-Estar, Saúde Física e de Lazer, com uma vertente social acentuada e integrada, tanto do ponto de vista da família, como da diversificação etária (dos 8 aos 80 anos), e ainda na atracção do público feminino.
Todavia, o modelo desportivo deve estar suportado por diferentes formas de estruturas organizativas, com os diversos segmentos sujeitos a uma gestão integrada de forma a garantir a optimização dos recursos disponíveis e uma correcta utilização da marca Santa Clara.
A estrutura a adoptar para o modelo de financiamento das modalidades assentará fundamentalmente na definição e identificação de perfis de público dentro da respectiva esfera de actuação, em relação aos quais é possível negociar contratos de patrocínio ou parcerias estratégicas que se dirijam a segmentos específicos e que cruzem todas as modalidades desportivas.

Tendo em conta que os clubes não atravessam o melhor momento das suas vidas, devido a vários factores, não temes que o pior está para vir e que pode prejudicar os teus projectos para o clube?
As eventualidades conjunturais, tal como todas aquelas que não controlamos, são sempre um risco. Estou absolutamente consciente disso. Mas sem falsas modéstias sou uma pessoa determinada e de coragem. Além do mais, acredito no projecto “Santa Clara”. Por outro lado, o lastro conseguido nos últimos dois anos, assim como a consolidada recuperação económica encetada, têm sido um precioso auxilio para atravessar esta difícil conjuntura. Sinceramente, não sei como seria se há três anos as dificuldades conjunturais fossem as que se vivem actualmente. 

Quais são os candidatos a presidentes dos outros órgãos sociais?
A ideia foi seguir o velho lema do futebol: “em equipa que ganha não se mexe”. Claro que houve a preocupação de integrar algum “sangue novo”, até porque há que preparar o Santa Clara para o futuro e isso passa por uma mudança geracional que temos de estimular e habilitar.
Respondendo directamente à pergunta há que dizer que me honra a companhia dos Drs. Costa Martins e Manuel Branco como presidentes das Assembleia Geral e do Conselho Fiscal, respectivamente, bem como as competentes equipas desses órgãos. 

No futebol, o clube vai continuar apostar na formação, com a mira apontada para a equipa de futebol sénior?
O desenvolvimento sustentado de uma actividade de longo prazo não ficaria completo sem uma aposta clara e estratégica na formação, devidamente integrada com os objectivos desportivos das equipas profissionais, permitindo funcionar como uma incubadora de jovens jogadores que podem integrar a equipa principal, com todos os benefícios financeiros que tal aposta representa.
Assim, continua ser prioritário desenvolver no futebol de formação do Santa Clara a capacidade, a organização, o modelo de competência técnica e a “obrigatoriedade” estrutural de fornecer à equipa sénior, numa base regular e sem quebras, jovens jogadores de elevado potencial formados no Clube.
Mais uma vez fugimos à retórica fácil de campanhas eleitorais, para falar claro aos Santaclarenses – reconhecemos que as camadas de futebol jovem do Santa Clara não têm sido, nos últimos anos, o viveiro de talentos que desejávamos.
Mas temos também de compreender que não existiam as condições favoráveis para o seu êxito; a equipa profissional não era estável, o que dificultava a integração de jogadores das camadas mais jovens, e o Clube não dispunha de infra-estruturas fundamentais para a correcta implementação da política de formação preconizada pela actual equipa técnica.
Com a parceria com o Santo António a funcionar, poderemos todos exigir mais e melhor no desenvolvimento da nossa modalidade rainha – já no decorrer da época 2011/2012.

Acredita que algum dia a equipa sénior poderá ser largamente constituída, por jogadores micaelenses/açorianos?
No curto prazo diria que este objectivo é de todo impossível. Agora se trabalharmos com a qualidade e competência exigidas, aliado a uma competição de nível superior, seguramente que a longo prazo teremos jogadores da região a evoluir no escalão sénior.

O não ter um Complexo Desportivo próprio, não achas que é extremamente penalizante para o Santa Clara?
Claro que é. Tal como seria mais fácil completar as instalações desportivas que já possuímos do que criar outras de raiz. Mas este é outro designo a ter em conta, e estou convencido que será atingido ainda antes do anterior. Até porque deste depende o que tratamos anteriormente.
Em síntese, diria que sem dúvida que o facto de não possuirmos uma estrutura própria cria-nos diversos problemas de ordem logística e financeira, bem como desportivamente. 

É prioritário para a tua direcção se for eleita, levar o clube à Primeira Liga?
De modo algum, o Santa Clara, sobrevivente de uma crise – económica, financeira e de valores – sem par, tem vindo a recuperar com passos seguros o seu nome e o seu estatuto na sociedade açoriana. Para continuar esta recuperação é essencial o máximo rigor no cumprimento das suas obrigações para com todas as instituições com quem o Santa Clara se relaciona. É esta é a nossa prioridade.
No entanto, não pudemos perder ambição desportiva e naturalmente de que levar a equipa ao mais alto patamar do futebol profissional será sempre um objectivo, até porque o lugar do Santa Clara é na primeira liga. A questão é que este objectivo não deve, nem pode, ser conseguido a qualquer custo.

Outros assuntos que queira abordar, as nossas páginas estão à sua disposição.
Aproveito a ocasião para reforçar que a “credibilização do Clube e a solução dos litígios pendentes tem sido essencial para assegurar o apoio do sistema financeiro. 
Os contratos assinados com as instituições financeiras para a reestruturação do serviço da divida obrigaram o clube, responsavelmente dirigido, a refrear ímpetos desportivamente mais fáceis apresentar e a focar toda a sua atenção no cumprimento das obrigações a que se vincularam.
No Santa Clara acabou o tempo da demagogia fácil e da irresponsabilidade. Sem promessas vãs, sem espectáculos mediáticos, garantimos aos Santaclarenses um projecto sério, credível, reconhecido pela banca e pelos investidores.
A credibilidade do Santa Clara evidencia-se hoje também nas parcerias realizadas, onde se podem apresentar como parceiros estratégicos instituições e marcas como: a DRT, Açoriana Seguros, Orangina Portugal, BetClic e a Lacatoni.
Muita coisa já foi feita, mas para o futuro muito mais se fará pois temos em perspectiva parcerias regionais, nacionais e internacionais como nenhum outro clube nos Açores jamais terá. Vamos trabalhar e consolidar estas parcerias, desenvolvendo a marca, os produtos e os clientes Santa Clara.
Autor: João Patrício

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