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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Não iremos hipotecar a vertente financeira pela ambição desportiva

Mário Batista, candidato único às eleições de sexta-feira, fala do passado, do presente e do futuro da nossa instituição. Aposta passa por manter o rigor nas contas e tentar a subida à Liga Zon Sagres sem criar desequilíbrios nas finanças. 
 
Sendo conhecidas as dificuldades financeiras com que se debate o Santa Clara, poderá a política de contenção de custos comprometer o desejo de subida à Liga Zon Sagres?
Não necessariamente! Já tive oportunidade de afirmar que a subida é um sonho mas não é uma obsessão. Temos de ser realistas porque o serviço da dívida obriga-nos a ser rigorosos na satisfação dos compromissos financeiros assumidos com os nossos parceiros. A vertente desportiva é importante mas face ao actual contexto é preciso saber criar um grupo de trabalho competitivo sem comprometer o equilíbrio financeiro. Um passo importante a dar é ganhar definitivamente o estatuto de grande da Liga Orangina e dispor de um plantel capaz de discutir os lugares cimeiros do campeonato. Mas em momento algum iremos hipotecar o clube pela ambição desportiva.
 
Coloca a hipótese da equipa ser reforçada na reabertura do mercado de transferências, em Janeiro próximo? 
Esse é um assunto que está fora de questão. Por vontade própria não procederemos a qualquer ajuste porque mantemos a confiança nos que cá estão. Se entrar alguém primeiro terá que sair alguém e nessa situação só em possíveis negócios que sejam rentáveis para o clube.
 
Neste momento, quantos sócios tem o Santa Clara e que medidas serão tomadas para reforçar o número de associados?
O Santa Clara tem cerca de 1200 sócios, a grande maioria deles pagantes. Seria importante aumentar esse número mas compreendemos que com as dificuldades financeiras actuais não será uma tarefa fácil. A seu tempo iremos divulgar as nossas ideias até porque estamos cientes de que mais sócios pode significar um maior apoio à equipa nos jogos. No entanto, convém realçar que não basta termos mais adeptos no estádio. É preciso que o recinto também seja dotado de melhores condições para os sócios e simpatizantes sintam um elevado grau de conforto quando ali se deslocam e a verdade é que as condições actuais não são as mais acolhedoras. O estádio já deveria estar dotado de outras valências que permitissem às famílias passar uma tarde de domingo diferente.
 
Essa será uma batalha a longo prazo pois o Governo Regional dos Açores é o gestor do espaço e dos quatro milhões de euros previstos para obras somente 50 mil euros estão contemplados no plano para 2011…
Compreendo a decisão do Governo que vem ao encontro da crise financeira que nos assola. A remodelação do estádio não é, neste momento, uma obra prioritária.
 
Olhando um pouco para o passado, que diferenças encontra entre o Santa Clara de 2006 e o de 2008 e o que preconiza de 2010 em diante?
Quando a Direcção eleita em Novembro de 2006 tomou posse encontramos um plantel extenso, oneroso e incapaz de discutir as posições cimeiras do campeonato. Fizemos os ajustes necessários e em 2008, com a entrada do treinador Vítor Pereira, deu-se a grande reestruturação. Na altura fomos criticados pelas apostas feitas mas os resultados estão à vista. Foi o ponto de viragem pois com menos custos passamos a obter melhores resultados e no presente e no futuro é uma estratégia para manter. Nestas últimas três épocas vimos apresentando equipas competitivas sem colocar em risco o equilíbrio financeiro.
 
A subida à Liga Zon Sagres resolveria parte significativa do passivo do clube?
O passivo está nos 7,8 milhões de euros e 5,9 milhões de euros são dívidas bancárias. A subida permitia quadruplicar as receitas, o mesmo é dizer que nos permitiria encurtar de oito para quatro anos a amortização do passivo.

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