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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Considero-me uma pessoa de causas, e julgo que sou suficientemente determinado e corajoso


Manuel Cruz Marques

Presidente do Clube Desportivo do Santa Clara



Como encontrou o Clube quando tomou posse?

Como é sabido, eu já vinha de uma direcção anterior quando tomei posse como Presidente da Direcção do Santa Clara.
E este é já o meu segundo mandato como Presidente. Dai que a situação do clube não fosse desconhecida para mim. Aliás, eu sabia que o Santa Clara estava numa situação difícil, a qual tinha que ser cuidadosa e criteriosamente abordada, embora com grande determinação e coragem, sobe pena do clube poder entrar num processo de insolvência da qual não houvesse retorno.
Mas, eu considero-me uma pessoa de causas, e julgo que sou suficientemente determinado e corajoso para, sempre em cooperação com os outros, assumir projectos que se justifiquem e pelos quais valha a pena lutar.
Fui sempre assim, em todo a minha vida. E voltou a ser assim, quando assumi o desafio de tentar recolocar o Santa Clara no espaço e na grandeza que lhe é devida.
E posso dizer-lhe que, mau grado ter experimentado muitas agruras, mau grado o grande sacrifício pessoal que tenho feito e as privações que tenho originado à minha família e ao convívio dos amigos, bem como o ter sido confrontado com muitas situações que me desagradaram profundamente – muitas delas vindas de onde não esperava que viessem… - não me arrependo de ter abraçado esta causa.

A vida tem-me ensinado muitas coisas. E uma das coisas que me ensinou foi que, de facto, como disse o poeta, “tudo vale a pena, se a alma é pequena…”


Como Classifica a situação actual do Clube?

Podemos assumir que, em termos económicos e financeiros, a situação do clube está controlada, muito por via de uma indispensável e inevitável redução de custos.
Claro que gostaríamos de ter tido a capacidade de gerar mais receita, ou de beneficiar de maiores verbas para gerir o clube. Isso, porém, não foi possível.
Por um lado, porque a crise nacional e internacional também se fez sentir, com grande intensidade, na Região, e isso afectou-nos bastante; por outro lado, a Direcção a que presidi – tal como aquela a que agora presido, embora mais aquela do que esta… - apanhou o clube numa curva descendente, num ciclo negativo, sendo muito difícil cativar investimento e, até mesmo, manter todas as parcerias anteriores.

Numa primeira fase, tratamos de recuperar a credibilidade junto da sociedade local e dos parceiros institucionais e económicos, desde logo definido – e, depois, cumprindo integralmente – um plano de assumpção e resolução dos compromissos e dos encargos assumidos junto do tecido empresarial e económico, bem como da banca e das instituições públicas fiscais.

Numa fase subsequente, e sobreposta, tivemos de reavaliar e renegociar a divida do clube.
Nessa altura, constatamos que era inevitável a entrega do Complexo Desportivo à instituição bancária que era o nosso parceiro financeiro, sob a forma de dação em pagamento. Aliás, esse foi, no fundo, apenas um pró-forma, uma vês que o referido bem já havia sido dado como garantia ao clube, o qual o clube não tinha qualquer
Condição real de pagar. Por outro lado, essa operação permitiu uma redução do passivo do clube em mais de 50%, bem como um significativo abaixamento dos encargos com a dívida remanescente. Essa era, sem qualquer dúvida, a única saída possível que permitiu a redução dos encargos financeiros de curto, e médio e longo prazo, tomando-os suportáveis e enquadrável na realidade orçamental do Clube.
Devemos entender que o Santa, como a generalidade das instituições desportivas da sua grandeza e características, não pode ser gerido para dar lucros, mas antes para realizar objectivos desportivos suportados nos orçamentos possíveis, de acordo com as disponibilidades do momento. É assim com todos os clubes, sejam eles maiores ou de dimensão mais comedida.

O clube vai realizar um jantar a 30 de Janeiro, no Pavilhão do Mar, está reservada alguma surpresa para a ocasião?


Vamos tentar fazer uma festa que honre o Santa Clara, as suas raízes e os seus sócios e adeptos. Como aliás sempre temos tentado fazer.
Neste momento, as surpresas não devem marcar o nosso quotidiano associativo. Até porque as surpresas que temos tido são sempre de sentido negativo. É por isso que queremos que a vida do clube seja o mais possível pautada pela previsibilidade e pela gestão racional dos recursos.

De qualquer modo, a haver alguma surpresa, ela deixaria de o ser se anunciássemos que haveria uma surpresa, não é verdade?

Caso o clube suba, como será a gestão do Santa Clara na liga Sagres, sendo certo que no passado foram cometidos graves erros, muitos dos quais que ainda estão sendo pagos…

Tem razão quando diz que muitos dos erros ainda estão sendo pagos. Devemos porém, para ter uma maior noção da verdadeira dimensão do problema, dizer que muitos vão levar muito tempo a pagar, e vão custar-nos muitas vezes mais do que o seu real valor inicial.
É por isso que, independentemente do escalão em que viermos a militar no futuro mais próximo, a gestão do clube tem de ser racional, séria, honesta e sobretudo, enquadrada na real dimensão do clube e das suas possibilidades. Como é evidente, se o Santa Clara vier a ascender ao escalão maior do futebol português, como esperamos, desejamos, e para o que trabalhamos com grande empenho, as receitas serão maiores e, consequentemente, teremos condições para nos munirmos de mais e melhores recurso, humanos e matérias. Mas não poderemos voltar a cair na tentação de dar um passo maior que a perna, sobe pena de hipotecarmos, em definitivo, o futuro do clube. Há exemplos muito eloquentes do que tem acontecido, invariavelmente, àqueles que não tem sabido gerir-se no respeito pela sua dimensão verdadeira. O Santa Clara não aguenta mais “rombos”, como tal, não pode voltar a ceder tentações nem a enveredar por caminhos que apenas conduzem ao precipício…

Acredita que este será o ano da subida?

Acredito que, com trabalho, muito trabalho, de todos – técnicos, atletas, dirigentes, sócios, adeptos… – vamos poder estar à altura do que o clube, a freguesia, a cidade, a região e a diáspora, esperam de nós. Sinceramente, acredito que assim será.
E se formes empenhados, humildes, trabalhadores, honestos, unidos, poderemos chegar onde pretendemos.
Claro que há factores que não o controlamos, situações que nos são hostis e interesses, instalados, que colidem com os nossos.
Mas, a isso, só podemos responder com a bravura, com garra, com determinação e total entrega à nossa causa, que é a glória do Santa Clara.

Se apesar de tudo, não conseguimos os nossos intentos, poderemos lamentar-nos.
Mas, concerteza, também ficaremos em paz connosco próprios, por termos feito tudo o que deveríamos fazer.

Como classifica o trabalho de Vítor Pereira?

O nosso treinador tem feito um trabalho de excelente qualidade, baseado nas inequívocas qualificações que possui ao nível do treino desportivo, mas também na excelência do tratamento e relacionamento que mantém com os atletas e com os dirigentes.
Estou, por isso, muito satisfeito.

A equipa está agora muito mais adulta e consistente, embora os resultados meramente desportivos não estejam ao nível da sua qualidade intrínseca. No desporto, o factor sorte e as incidências pontuais e imprevistas têm um peso que, por vezes, dita realidades muito injustas. Vamos esperar que as coisas possam mudar, de maneira a podermos amealhar os pontos a que temos feito jus, efectivamente.
Aproveito para lançar um apelo a todos, independentemente do grau de envolvimento e responsabilidade que têm no clube, para que mantenhamos unido e fortalecido o grupo de trabalho, e para que saibamos subordinar as nossas opiniões e pontos de vista ao interesse do grupo, evitando situações que contribuam para o enfraquecimento e desunião do grupo de trabalho, como aconteceu neste clube, num passado recente.

A nossa postura tem de ser, sempre, a de acrescentar valor unidade e confiança, e nunca a de diminuir a coesão e de semear a discórdia.

Havendo a consciência de que o trabalho do técnico está a ser apreciado no exterior, até quando será possível segurar Vítor Pereira no Santa Clara?

A filosofia do Santa Clara não é a de segurar ninguém.
Agradecemos, e ficamos muito felizes, de ter no Santa Clara pessoas com valor, dedicadas ao clube, empenhadas e com espírito de VITÓRIA. Apreciamos bastante os bons profissionais, honestos e com grande espírito de entrega ao projecto, e procuramos manter com eles uma relação de grande confiança e de mútuo respeito.
Por isso mesmo, quando as incidências do fluir normal da vida apontam no sentido de nos separarmos para que cada um de nós continue a crescer, aceitamos esse facto com toda a naturalidade.

Assim, enquanto o Santa Clara e Vítor Pereira mantiverem uma relação simbiótica, proveitosa para ambos, manter-nos-emos juntos. Quando essa relação deixar de ser boa para ambas, ou para qualquer, das partes, será inevitável que cada um siga o seu caminho. Até esta data, todos temos ficado a ganhar, e esperamos que possa continuar a ser assim para muitos e bons anos. Mas, repito, só se for do interesse de ambas as partes.

A construção de um complexo desportivo poderá ser determinante para que a nossa formação do Santa Clara obtenha outra visibilidade e assuma a relevância que já teve?

Os escalões de formação do Santa Clara estão em actividade há muitos anos, sempre com o intuito de servir as populações e de se constituir como instrumento coadjuvante na educação da nossa juventude, e não apenas como promotor da prática do futebol. Como em todas as coisas na vida, também na formação do Santa Clara existem ciclos, um processo absolutamente natural. O que não significa, de todo, que abdicamos de melhorar as coisas. Antes pelo contrario; cada vês nos sentimos mais motivados para melhorar o que pode ser melhorado.
Com o desaparecimento do Complexo Desportivo – o qual, na verdade, não oferecia as condições mínimas para a prática desportiva e para evolução dos nossos jovens atletas… - a organização das estruturas e rotinas da formação sofreu algumas alterações inevitáveis. Estamos, ainda, num período de reacomodação, material e funcional, fruto das condições que agora se nos oferecem. Continuamos, contudo, a servir os nossos jovens com o mesmo empenho e entusiasmo que sempre colocamos nesta missão, e estamos a desenvolver os esforços necessários para poder-mos usufruir das infra- estruturas e dos meios materiais indispensáveis ao trabalho que queremos desenvolver.

As coisas estão bem encaminhadas, e esperamos tê-las resolvidas, na sua maior parte, nos próximos meses. Não estamos, propriamente, a colocar como primeira prioridade a construção de um novo Complexo Desportivo, mas temos expectativas de poder vir a conseguir instalações capazes de proporcionar as condições de que outros já hoje usufruem, e com todo o direito e justiça.

Sendo certo que o Estádio de S. Miguel necessita de melhoria caso o clube suba de divisão, este assunto já foi abordado com o Governo Regional?

O Estádio de S. Miguel é uma infra-estrutura tutelada, gerida e mantida pelo Parque Desportivo de S. Miguel, a qual é utilizada pelo Santa Clara para a realização das partidas de futebol integradas nos calendários dos quadros competitivos em que estamos envolvidos, bem como para algumas sessões de treino desportivo.

Claro que as condições do recinto de jogo e das instalações para o público, atletas, árbitros e jornalistas nos preocupam, e dessas preocupações temos dado conta às entidades competentes, no âmbito do relacionamento que com elas mantemos.

Estamos, por isso, calmos e serenos, e temos a certeza que, tal como no passado, não será por falta de condições no Estádio que o Santa Clara deixará de participar, eventualmente, nas provas do escalão maior do futebol Português, se a elas ascender-mos por direito desportivo.

O Governo Regional, e as outras entidades com responsabilidade na matéria, não deixarão de, uma vez mais, assumir as suas responsabilidades, e voltaremos, certamente, a ser unanimemente reconhecidos como alguém recebe muito bem os que nos visitam.

Esperemos que esse seja um problema que tenhamos de resolver já para a próxima época…

Quer deixar uma mensagem final?

Gostaria que nos uníssemos, todos, em torno do Santa Clara, e que cada um de nós tivesse uma participação grande na caminhada do clube em direcção ao patamar a que tem direito no desporto Nacional, bem como no saneamento dos problemas orçamentais, patrimoniais e de tesouraria que ainda subsistem.

Os Açores merecem um Santa Clara que esteja ao mais alto nível.

Lanço, a todos, um repto: como nós, acreditem! Na força do Santa Clara, nós Acreditamos!

Bem-haja, todos vós!

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