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domingo, 24 de janeiro de 2010

Coragem...

"Não é obrigatório que só por ver como as características da equipa não favorecerem uma cultura de posse (indo assim passar a maior parte do jogo sem bola) que o treinador deva optar logo por um jogo mais directo, abdicando do que seria o seu modelo, afinal as ideias de jogo que considera a melhor forma de jogar bom futebol.

"Luis Freitas Lobo, in "Porque «jogar bem» é específico".

Da mesma maneira que não é fácil educar bem uma criança, colocar uma equipa a jogar futebol de qualidade é uma tarefa que envolve alguma complexidade. Requer tempo, perseverança, disciplina, metodologia, discernimento e coragem, muita coragem. A coragem necessária para impor o modelo que preconizamos, assim como a interpretação do mesmo.Para alguém que nunca andou em nenhum dos dois, será sempre mais complicado conduzir bem um automóvel que uma parelha de cavalos; no entanto, os benefícios de optar pelo primeiro sobre o segundo (salvo raras excepções) é evidente .Não é fácil impor um modelo que, por ser mais exigente, vai encontrar mais resistência por parte de uma significativa fatia dos jogadores. Aqui importa realçar a concepção de "exigente": normalmente, quando se fala em exigência e entrega, pondera-se apenas factores físicos, coisa de que discordo totalmente. A exigência não se pode resumir a esforço físico, como se de um cavalo de corrida se tratasse. A exigência terá de passar por uma interpretação correcta, de cada jogador, do que o modelo de jogo escolhido requer. Ou seja, é importante que da parte dos jogadores haja disponibilidade intelectual para compreender o modelo de jogo.Assim, quanto mais exigente for o nosso modelo, maior será a resistência encontrada pelo treinador. A verdade é esta: é muito mais fácil optar por um estilo directo, que separe sectores, que parta o jogo em dois momentos, que escolha a marcação individual etc., do que escolher um modelo de jogo que, apesar de lhe permitir ser mais forte como equipa, vai dar mais trabalho a criar automatismos.Uma filosofia de jogo que passe por ter um bom jogo posicional, com uma boa posse e circulação de bola, com as transições defesa/ataque e ataque/defesa bem definidas, que defenda à zona, etc., é algo que requer algum tempo até se atingir os objectivos que se pretendem. Todavia, um modelo desta natureza apresenta um potencial e uma capacidade evolutiva que um modelo como o que foi citado anteriormente não possui. E isto está relacionado com a exigência que um e outro apresentam.E aqui a obrigação do treinador passa por arranjar estímulos para que os seus "pupilos" interpretem bem o que lhes é pedido. A partir de situações que lhes facilitem a compreensão de todas as virtudes do modelo proposto pelo seu técnico, os jogadores terão de compreender que, apesar de mais exigente, aquela filosofia é a melhor. E não o contrário. Ou seja, não é admissível que a incapacidade inicial de uma parte (seja ela grande ou não) do plantel obrigue o treinador a optar por um modelo mais "pobre", só porque este é mais fácil de interiorizar. Até porque esta opção acaba por ser penalizadora para os jogadores que demonstram competência para colocar o modelo de jogo pretendido em acção. O nivelamento quer-se por cima, nunca por baixo.A competência de um treinador terá de compreender, sempre, vários elementos: astúcia táctica, capacidade de análise do jogo e dos próprios jogadores, liderança, metodologia de treino, disciplina, carácter e coragem. Mais uma vez, coragem. Coragem para não ser apenas mais um, coragem para não se vender, para não cair no erro de ser mais uma "puta" no futebol, procurando os resultados no imediato a qualquer custo. Porque o futebol, a evolução do mesmo, merece melhor.

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