Santa Clara tem 500 mil euros caucionados

"Podemos afirmar que ainda falta consolidar a tesouraria do clube, dado que o desvio de fundos financeiros que ocorreram por razões processuais."

O Clube Desportivo Santa Clara enfrenta uma nova fase, depois da crise directiva que levou à destituição do anterior presidente, Manuel Cruz Marques. O clube é agora gerido por uma comissão administrativa. O Santa Clara viveu um período algo conturbado no final da última época desportiva. Ao insucesso da sua equipa profissional de futebol, que não conseguiu - pelo segundo ano consecutivo - a almejada subida à divisão principal do futebol português, juntou-se uma crise directiva.



A sucessão de demissões na anterior direcção levou a que o presidente da Assembleia-Geral, Carlos Costa Martins, tenha avançado para a formação de uma Comissão de Gestão, que não conta com o anterior presidente da direcção encarnada (Manuel Cruz Marques), que tem a seu cargo os destinos do clube.


A referida comissão é presidida por Óscar Rocha e por alguns elementos do anterior elenco directivo.


A reportagem do expressodasnove.pt procurou saber se esta situação colocou, ou coloca, em risco alguns os objectivos anteriormente traçados.


Os elementos que actualmente dirigem o clube dizem que tal situação não se coloca, até porque "em conformidade com as disposições estatutárias do clube, a Comissão de Gestão tem plenos poderes para concretizar os propósitos assumidos nas últimas eleições do Clube Desportivo Santa Clara, que, entre outros, destacamos pela sua importância: a credibilidade e o saneamento financeiro do clube".


Tendo o actual presidente da Comissão de Gestão, Óscar Rocha, já afirmado que não pretende apresentar uma candidatura ao próximo acto eleitoral, a actual comissão afirma que "qualquer sócio, em condições elegíveis, pode e deve ser candidato à direcção do Santa Clara, pois é fundamental que todos os sócios participem na vida e desenvolvimento do clube".


Sobre o trabalho desenvolvido nos últimos anos, os dirigentes realçam que, perante os objectivos definidos, "podemos afirmar que ainda falta consolidar a tesouraria do clube, dado que o desvio de fundos financeiros que ocorreram por razões processuais e que teve como consequência a indisponibilidade de se poder gerir cerca de 500 milhares de euros que estão caucionados num tribunal para fazer face aos pagamentos futuros de pensões, que se estimam para um período de cerca de trinta anos, são uma tarefa não facilmente resolúvel a curto prazo".
Relativamente ao projecto desportivo para esta temporada, no que respeita ao futebol profissional, os interlocutores sublinham que este "não sofreu qualquer alteração estratégica. Podemos reafirmar que está em linha ao inicialmente traçado, e que tem por objectivo primário a consolidação desportiva e financeira do Clube Desportivo Santa Clara, sem penalização de nenhuma destas vertentes, ou seja, continuamos a acreditar que o sucesso de um clube depende do seu desenvolvimento desportivo e financeiro".


Para o futuro, os responsáveis encarnados preconizam "enormes sucessos desportivos e financeiros que exigem, sobretudo, uma dinâmica e uma vontade extraordinária de todos aqueles que directa ou indirectamente pretendem um clube profissional que seja uma imagem e um exemplo dos aspectos qualitativos da Região Autónoma dos Açores".

Santa Clara aposta na venda de jogadores



No início desta época desportiva, o Santa Clara conseguiu realizar algumas entradas de dinheiro, fruto da venda dos direitos de alguns dos seus jogadores. Em relação a este assunto, a Comissão de Gestão afirma que "como anteriormente salientamos, o sucesso do clube depende da conjugação de acções desportivas e financeiras que fortaleçam a sua posição no mercado competitivo em que está inserido e, salientamos mais uma vez, este dois factores não podem estar indissociáveis. Esta é uma vitória de todos o que vêem o futebol como uma indústria".

PEDRO BOTELHOpedrobotelho9@hotmail.com
8 de Outubro de 2010